quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Hipócrita

Você, com sua máscara de boa pessoa.
Você sim, com essa camaradagem toda.
Você não me engana.
Andy, o Robô* é mais confiável que você.
Vou abrir meu terceiro olho
pra ficar com dois no gato e um no peixe.
Porque com você todo o cuidado é pouco.
Você mente, trai e engana.
Você julga, critica e peca.
Depois vai pedir perdão e um monte de outras coisas.
Pois saiba que vamos nos encontrar no quinto dos infernos
e que pra mim não será surpresa nenhuma te ver por lá.
Já pra você...
Há!


*Referência à obra de Stepehen King intitulada "A Torre Negra"

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Anos 2000

Aqueles dias tão cheios de poeira
Tão cheios de sangue e de mal-estar
Aqueles dias em que senti mais profundamente
a dor de amar
Foram dias de lágrimas sem fim
Vertidas dia após dia
Rolando pelo meu rosto, zombando de mim
Aqueles dias de feiúra
Onde tudo me parecia errado e podre
Mas que mesmo assim me fazem sentir
uma grande nostalgia
E uma tristeza muito bem definida
por tudo aquilo que me cercava
e por tudo o que eu sentia
Aqueles dias ainda me fazem querer chorar
Não de saudades, mas de tristeza mesmo
por mim e pelos meus
Que dias duros!
Aqueles dias me fazem pensar
Que daqui a dez anos,
quando me lembrar do dia de hoje
não sinta vontade de me jogar na cama e chorar
até ficar com o rosto inchado.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Elisa na nova cidade.

Marta. Ela era sua vida. Seu tudo. Às vezes discutiam, mas, oras... Todo casal discute. Em compensação, é como diz o ditado: depois da tempestade vem a bonança. E, de qualquer maneira, suas brigas duravam muito pouco. Se tinha uma coisa que elas faziam terrivelmente mal, era brigar. Sempre acabavam na cama, rindo e se amando.
As duas haviam se conhecido assim que Elisa chegara na cidade. Marta havia ido buscar uma amiga, que chegava para passar férias e Elisa havia ido até ela pedir informação sobre algum hotel em que pudesse instalar-se. Na verdade, poderia ter perguntado a alguém da rodoviária, mas Marta chamara sua atenção. Preta e baixinha, usava um black lindo e tinha o sorriso mais maravilhoso que Elisa já havia visto.
Naquele dia, as duas mais a miga de Marta se juntaram e foram beber e papear em um bar próximo do centro, não muito longe dali. Depois, estenderam para a casa de Marta, que morava sozinha. Ana, a amiga, foi dormir e as outras duas continuaram conversando pelo resto da noite. Acordaram horas depois do nascer do sol, Elisa com a cabeça embaixo da mesa de centro da sala e Marta ao seu lado. Estavam de mãos dadas.
Mais tarde, após mais conversas agradbilíssimas sobre diversos assuntos diversos, tomaram uma decisão: Elisa iria morar ali.. Ana, outros amigos e a família em peso de Marta acharam uma loucura. Todos protestaram, todos foram contra. Depois, quando já haviam tido tempo de conhecer bem Elisa, todos passaram a amá-la, embora ninguém chegasse nem perto de fazê-lo com a mesma intensidade que Marta.
Agora, dez anos depois, as duas haviam conseguido se casar e, para espanto de todos (inclusive delas mesmas) estavam em vias de adotar uma criança. Elisa nunca havia sido tão feliz como a partir do momento em que conhecera Marta.

Elisa resolve mudar-se.

Elisa agora pensava em ir embora. Deixar todo o pouco que tinha aqui e mudar de cidade. Ela estava perdida, confusa e insatisfeita e tinha consciência de que mudar de cidade não melhoraria sua situação, mas precisava fugir.
Tudo o que Elisa havia conquistado nos últimos tempos tinha um sabor amargo. E ela já não sentia ânimo pra nada. A mais, não tinha realmente ninguém. Sua família agora morava no norte do país, seus amigos... bem, eram apenas companheiros das noitadas que gostava de curtir. Elisa decidira ficar em sua cidade natal, mas ela realmente não lhe oferecia nada.
Dois dias depois, ela pediu demissão do serviço, fez as malas e foi até a Rodoviária. Perguntou qual era o próximo ônibus partindo para qualquer cidade que ficasse longe dali. A atendente lhe lançou um olhar de estranheza, mas respondeu assim mesmo. E lá se foi Elisa.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ciúme


É fogo que arde sem ver, mas me queima toda por dentro, da cabeça aos pés. É a vontade de arrancar os cabelos com as mãos, os meus e os delas. É, às vezes, saber que não faz o menor sentido e não tem razão de ser, mas sentir assim mesmo. É ter mil e uma visões torturantes, que mutilam emocionalmente e azedam o frescor de um bom sentimento. É morrer de raiva sem mudar de expressão. É a vontade de perder as estribeiras e descer do salto, só para pegá-lo e arremessá-lo na direção de alguém... É vergonha, por saber que isto está errado. É um pouco de insegurança e outro tanto de medo. É, minha gente, o ciúme é feio de se ver e duro de se sentir!

quinta-feira, 28 de março de 2013

Melissa


Apenas uma garota triste e insegura. Essa era Melissa: vivendo de fantasias num mundo onde não toleram quem tem a cabeça nas nuvens.
Melissa amava e queria ser amada da mesma forma. Não. Não da mesma forma. Não com aquele desespero. Ela queria ser amada ternamente, mas também firmemente. Queria ser amada sem sombra de dúvida. Amada com certeza.
O porém é que não tinha certeza. Sabia que amava e ouvia isso da boca dele. Ouvia-o dizendo “Eu te amo”. Será que amava? Será que ele amava a ela ou ao amor que ela fazia? Amava a ela, ou a seu sexo?
Que ele a tratava bem, isso não podia negar. Mas havia uma frieza. Bom, talvez não fosse frieza. Quem sabe  não era ela que queria mais calor do que qualquer pessoa seria capaz de oferecer.
Às vezes, ela podia passar uma noite toda em claro conjeturando. E queria chorar, mas não conseguia. No fim, quando o sol nascia e ela se dava conta de que não havia pregado os olhos, sentia-se miserável e ridícula. E cansada, muito cansada.
Agora, Melissa estava de novo entrando naquele estúpido estado de desespero. Mas ela não tinha culpa. Ele simplesmente sumira. Havia combinado uma coisa com ela, mas sumira. Nem sombra dele, nem um telefonema, mensagem de texto, sinal de fumaça, nada.
Entretanto, ela estava cansada de sofrer um desapontamento e ficar em casa, parada, se escabelando. Resolveu sair sem ele. Foi atrás dos amigos, que estavam em um bar curtindo a noite.
Chamou um táxi, pegou sua bolsa, seu casaco e foi.
Chegando lá, surpresa: os amigos não estavam. Mas estava ele, o homem que ela amava. Claro, não estava sozinho. Não. Estava com a ex. A mesma que o traiu, pisou e humilhou. A mesma que não estava lá quando ele precisou e que ele não queria mais ver nem pintada de ouro. Ele estava lá com ela, aos beijos e sorrisos.
E Melissa finalmente conseguiu chorar.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Que medo!

Esta inquietude nascendo em mim... O medo! O medo que devora minha alma, rasga meu coração e destrói minha paz de espírito. O medo não me deixa dormir. O medo tira meu apetite. Ele se apossa de mim, me envolve em escuridão e me puxa para uma queda sem fim. Vai embora, medo! Sai de mim.