segunda-feira, 29 de julho de 2019

Divagar

...Mas algumas coisas me intrigam.
Por que algumas pessoas são tão bonitas? Mas digo bonitas, mesmo. Tão bonitas que dá vontade de chorar. Tão bonitas que vc tem vontade de pegar elas para você como se fossem a mais linda obra de arte e guardar egoísticamente somente para a sua apreciação e prazer?
Por que algumas das melhores coisas da vida são as que mais fazem mal? Por que parece que seria muito mais divertido perder uma noite que fosse fumando e bebendo e vivendo de maneira irresponsável e inconsequente, em vez de ficar aqui no meu quarto onde estou segura e protegida?
Por que é que embora eu tenha tudo o que necessito para viver e uma vida toda pela frente, me sinto tão insatisfeita, querendo mais?
Por que parece ser mais fácil morrer atropelada do que conseguir uma boa noite de sexo, sem frescuras, sem mais, nem menos? (Ou apenas uma noite de sexo?)
Por que às vezes parece ser mais fácil levantar e ir trabalhar do que tirar um dia de folga?
Por que todo mundo parece tão infeliz e entediado, num mundo tão vasto e tão bonito, onde há gente de todo tipo e todo tipo de cultura?
Por que é que às vezes alguém pode sentir-se aprisionado enquanto se anda livremente pelas ruas, mas sentir-se livre estando sozinho em seu quarto?
Por que...?

domingo, 7 de abril de 2019

O Sonho II

Mais um sonho com suicídio.
Da última vez, foi com alguém com quem me importo, porém foi apenas uma tentativa; desta vez, foi com um desconhecido cujo rosto nem cheguei a ver e que chegou às vias de fato. Pois bem, vamos ao sonho.
Era madrugada, cerca de quatro da manhã, e eu estava sentada na sala de minha casa, estudando. Porém não conseguia me concentrar e decidi me levantar e ir tomar um pouco de ar no quintal da frente.  Voltada para a direção onde a rua tem início, notei um edifício branco e bem alto, que não existe na realidade, e que estava estranhamente próximo à minha casa. No topo deste edifício, havia um homem de sobretudo, segurando uma sacola plástica branca, sem estampa, e ele andava inquieto de uma ponta à outra do topo do prédio. Pensei:"Ele vai se jogar!" e desejei que não o fizesse, porém por seu modo de andar, sua impaciência e a infelicidade que, de alguma forma, eu sabia que ele estava sentindo, eu sabia que ele o faria. De repente, o homem parou de frente para o parapeito, sobre o qual andava, e jogou a sacola, que obviamente tinha algum conteúdo, mas eu não sabia de que se tratava. Talvez ele estivesse testando como poderia ser a queda. Percebi que ele se jogaria em seguida e me virei de costas, mas não rápido o suficiente: vi ele se jogar e vi quando começou a cair. O choque que senti foi algo terrível, pois nunca vi ninguém morrer, ainda mais desta forma. Após um silêncio que me pareceu longo demais, angustiante demais, escutei um estrondo, como se invés de um corpo, houvesse caído uma pedra sobre um monte de entulho; era um barulho como que de tijolos quebrando, lembro de ter pensado nisto, no meu sonho. Foi a coisa mais pavorosa. Fiquei ali parada, sem saber o que fazer, tremendo, nervosa, chocada, quando escutei cascos de cavalo e barulho de gente e, ao virar de frente para o portão, vi um grupo de cinco homens muito grandes, dois deles montados em cavalos enormes, todos vestidos como judeus, com direito a quipá e peót. O maior e mais velho de todos passou na calçada, bem próximo ao portão, se virou e olhou diretamente para mim. Imediatamente, pensei na palavra "demônio", como se ele fosse um. Então, o homem se virou novamente para a frente e continuou andando. Foi tudo muito rápido, porém me deixou ainda mais aterrorizada. De alguma forma, eu sabia que aqueles homens eram familiares do morto e estavam indo por seu corpo. Apesar do medo e do choque, senti pena deles. Não sei o que se passou após este momento, o que aconteceu com o corpo, com os homens, ou o motivo por quê aquele homem se matou. Só sei que fiquei muitíssimo impressionada com este sonho  e também um pouco preocupada, pois este foi o segundo sonho com suicídio que tive este ano.
Espero não ter outro tão cedo.

terça-feira, 19 de março de 2019

MENSAGEM PARA VOCÊ

Há algumas coisas que eu gostaria de te dizer, mas não posso, pois poderiam lhe causar alguma mágoa e não é isto o que eu quero.
Nós nos conhecemos há pouco tempo, porém já foi o suficiente para eu entender que você não seria mais um na multidão de pessoas que eu já conheci até agora. Você é uma daquelas pessoas que vieram para me marcar. Acho melhor eu me explicar.
Logo de cara, eu simpatizei com você, pois o seu senso de humor era bem semelhante ao meu. Então, me surpreendi com a simplicidade (e agilidade) com que você me chamou para sair. Parece até bobagem ficar surpresa, mas quem hoje em dia faz isso? Quem, hoje em dia, tem a coragem de fazer isso? Bom, você fez.
Não demorou muito, nos encontramos e, mais uma vez, me surpreendi. Raramente tenho a facilidade de conversar com alguém que tive com você. Tudo fluiu muito naturalmente. Senti que poderia falar com você por horas. E quis te beijar, mas temi ultrapassar alguma barreira. Porém, descobri que não havia nenhuma, pois a minha vontade condizia com a sua.
Logo você me chamou para sair de novo e eu a princípio me empolguei, estava gostando de te conhecer. Mas como nada nessa vida pode ser TÃO simples, nem TÃO fácil, me chamou a atenção uma coisa sobre você. E esta coisa me bloqueava. Preferi ser sincera e honesta e pensei que aquilo seria um ponto final, mas você me disse o contrário: me disse que entendia minhas razões e que eu havia conquistado um amigo para a vida toda. Fiquei um pouco cética, pois tenho essa mania de não acreditar nas coisas num primeiro momento. Nada pessoal, apenas uma característica minha.
O fato é que você foi pelo menos tão sincero comigo quanto eu fui com você. E continuou por perto, manteve contato e eu fui desenvolvendo um carinho por você que era algo muito especial.
Entretanto, eu já havia falado aquilo tudo para você e meu pensamento ainda era o mesmo, de modo que eu fiz o que sempre faço (mas não deveria) quando tenho um problema maior: fingi que o elefante não estava na sala. Faço isso na esperança (geralmente vã) de que o problema se resolva sozinho com o tempo ou simplesmente vá embora.
Eu já pensei inúmeras vezes antes, em diversas situações, no quanto a vida é irônica e injusta. E ela sempre vem me mostrar que é isso mesmo. Pois o problema não só não foi embora, como continua aumentando.
Eu penso sempre em você. Sempre com carinho. E sempre com uma pitada de tristeza. E vou continuar pensando. Só queria te dizer isso, se eu pudesse...

domingo, 17 de março de 2019

Menino

Menino, menino!
Olha pra mim
Me deixa falar
(Que) eu quero te beijar
Não com malícia
Apenas com carinho
Um beijo cândido
Como o luar, naquela canção
Como seu olhar
E como eu ao te olhar...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Void

A tristeza me invade de forma repentina
E lágrimas tão doloridas
Como um coração partido
E quentes como fogo
Rolam por minhas faces
E eu novamente perco o sono
E me distraio com canções da minha juventude
Que, no entanto, me trazem memórias dolorosas
E desejos perigosos.

Meu coração pesa no peito
E minha mente busca explicação
Para uma dor tão profunda
Que não parece ter fim
Mas certamente deve ter tido um começo
Então recarrego meu sangue com açúcar
Para ver se a dor passa
Se me animo
Mas, qual uma viciada,
Minha droga já não faz efeito
E eu percebo que terei que buscar algo mais forte
Mas o quê?

Tantas luas se passaram
Porém ainda me faz falta o fumo
Às vezes...
E às vezes também um trago
Ou dois...
E muitas outras luas se passaram
Contudo ainda me faz falta um amor,
Um só...

Hoje me aflige a solidão
Ontem me afligia o convívio
Amanhã, sabe-se lá o que me afligirá!
A vida não é tão bela, afinal
E nem adianta olhar pela janela

Pois bem:
O que não tem remédio, remediado está
E estamos todos!
Feche os olhos
Não veja mais nada
E espere amanhecer
E então vá em frente
E nunca, sob hipótese alguma,
Olhe para trás
Nunca!


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Nova carta para D.

Querido D.,
Gostaria de saber, pois não consigo parar de imaginar, o motivo por quê você continuamente atrai a atenção dos meus olhos e da minha mente; gostaria de saber também, pois também não posso deixar de pensar nisto, o motivo por quê fico tão nervosa na sua presença e não consigo falar, mas se falo é olhando para sua boca e não para seus olhos...
Gostaria de saber ainda o motivo por quê me agito se não te vejo, mas, ao contrário, se te vejo logo me acalmo, sentindo o tipo de alívio que sentimos quando algo desagradavelmente pesado é tirado de nossos braços.
Meu querido D., gostaria de lhe dizer que me dá ternura te ver dormir (ou, ao menos, tentar), daquele seu modo tão tranquilo e relaxado. Como você pode relaxar assim naquele ambiente quente e lotado?
D., não há muita coisa que desejaria tanto ou mais neste momento, do que me aconchegar em você, sentir teu cheiro e tua temperatura e adormecer pacificamente, sabendo que, ao menos por esta noite, ficará tudo bem.
Querido D., sei bem que tudo isto é muito brega, mas fazer o que? Tudo isto é o que penso e sinto por você. Tudo isto é a verdade.
D., gosto de você mais do que ouso dizer a mim mesma. Talvez você seja como o anjo de um sonho que tive anos atrás, onde sofria de uma gripe muito forte da qual nada nem ninguém conseguia me curar, até que chegou este anjo que me beijou muito levemente os lábios e tive a sensação física deste beijo e acordei sabendo que a versão de mim naquele sonho estava curada.
Por isto, me pego imaginando quando e se terei a oportunidade de beijá-lo também! Para saber se você é realmente o meu anjo...
E, para não prolongar demais esta carta e aborrecê-lo, vou me despedindo por aqui .
Sua,
B.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Carta para D.

Querido D.,
Estive novamente frente ao teu olhar. Me miraram teus olhos, verdes como as folhas da árvore que miro agora, e me deram um pouco de paz em meio ao caos do dia. Tua boca suave tem sempre a sugestão de um sorriso, coisa que possuem apenas as pessoas verdadeiramente tranquilas de espírito e alegres de coração, como sei que é o teu caso.
Deitamo-nos para uma sesta que não ocorreu e estávamos tão próximos, mas ainda assim, não poderíamos estar mais distantes... Mas isto não me entristeceu! Ao contrário: fiquei bem em estar ali, quieta, tentando concentrar-me na leitura, já que não podia dormir, entretanto não me saiu bem mais esta empreitada. E como poderia?! Se estavas tu ali, bem ao alcance de um braço ou menos ainda! E estavam ali teus olhos e tua boca e tu!
Quem lesse esta carta, poderia pensar que o que sinto por ti é amor. Enganaria-se, pois. Tampouco trata-se de alguma paixão ou paixonite; digamos assim que é um amor platônico. É algo inocente, bonito, puro, diria eu que é algo até mesmo bucólico, se cabe aqui tal expressão.
Gostaria de salientar que se escrevo esta missiva, não o faço para embaraçar-te, ou causar-te quaisquer problemas. Antes, quero apenas exaltar a beleza esplendorosa e cativante e, ao mesmo tempo serena, deste sentimento. Faço-o, portanto, no melhor dos interesses.
E assim dou por encerrada a carta, mas não por findado o sentimento.
Sua,
B.