Apenas uma garota triste e insegura. Essa era Melissa:
vivendo de fantasias num mundo onde não toleram quem tem a cabeça nas nuvens.
Melissa amava e queria ser amada da mesma forma. Não. Não da
mesma forma. Não com aquele desespero. Ela queria ser amada ternamente, mas
também firmemente. Queria ser amada sem sombra de dúvida. Amada com certeza.
O porém é que não tinha certeza. Sabia que amava e ouvia
isso da boca dele. Ouvia-o dizendo “Eu te amo”. Será que amava? Será que ele
amava a ela ou ao amor que ela fazia? Amava a ela, ou a seu sexo?
Que ele a tratava bem, isso não podia negar. Mas havia uma
frieza. Bom, talvez não fosse frieza. Quem sabe
não era ela que queria mais calor do que qualquer pessoa seria capaz de
oferecer.
Às vezes, ela podia passar uma noite toda em claro
conjeturando. E queria chorar, mas não conseguia. No fim, quando o sol nascia e
ela se dava conta de que não havia pregado os olhos, sentia-se miserável e
ridícula. E cansada, muito cansada.
Agora, Melissa estava de novo entrando naquele estúpido
estado de desespero. Mas ela não tinha culpa. Ele simplesmente sumira. Havia
combinado uma coisa com ela, mas sumira. Nem sombra dele, nem um telefonema,
mensagem de texto, sinal de fumaça, nada.
Entretanto, ela estava cansada de sofrer um desapontamento e
ficar em casa, parada, se escabelando. Resolveu sair sem ele. Foi atrás dos
amigos, que estavam em um bar curtindo a noite.
Chamou um táxi, pegou sua bolsa, seu casaco e foi.
Chegando lá, surpresa: os amigos não estavam. Mas estava
ele, o homem que ela amava. Claro, não estava sozinho. Não. Estava com a ex. A
mesma que o traiu, pisou e humilhou. A mesma que não estava lá quando ele
precisou e que ele não queria mais ver nem pintada de ouro. Ele estava lá com
ela, aos beijos e sorrisos.
E Melissa finalmente conseguiu chorar.