quarta-feira, 19 de junho de 2013

Anos 2000

Aqueles dias tão cheios de poeira
Tão cheios de sangue e de mal-estar
Aqueles dias em que senti mais profundamente
a dor de amar
Foram dias de lágrimas sem fim
Vertidas dia após dia
Rolando pelo meu rosto, zombando de mim
Aqueles dias de feiúra
Onde tudo me parecia errado e podre
Mas que mesmo assim me fazem sentir
uma grande nostalgia
E uma tristeza muito bem definida
por tudo aquilo que me cercava
e por tudo o que eu sentia
Aqueles dias ainda me fazem querer chorar
Não de saudades, mas de tristeza mesmo
por mim e pelos meus
Que dias duros!
Aqueles dias me fazem pensar
Que daqui a dez anos,
quando me lembrar do dia de hoje
não sinta vontade de me jogar na cama e chorar
até ficar com o rosto inchado.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Elisa na nova cidade.

Marta. Ela era sua vida. Seu tudo. Às vezes discutiam, mas, oras... Todo casal discute. Em compensação, é como diz o ditado: depois da tempestade vem a bonança. E, de qualquer maneira, suas brigas duravam muito pouco. Se tinha uma coisa que elas faziam terrivelmente mal, era brigar. Sempre acabavam na cama, rindo e se amando.
As duas haviam se conhecido assim que Elisa chegara na cidade. Marta havia ido buscar uma amiga, que chegava para passar férias e Elisa havia ido até ela pedir informação sobre algum hotel em que pudesse instalar-se. Na verdade, poderia ter perguntado a alguém da rodoviária, mas Marta chamara sua atenção. Preta e baixinha, usava um black lindo e tinha o sorriso mais maravilhoso que Elisa já havia visto.
Naquele dia, as duas mais a miga de Marta se juntaram e foram beber e papear em um bar próximo do centro, não muito longe dali. Depois, estenderam para a casa de Marta, que morava sozinha. Ana, a amiga, foi dormir e as outras duas continuaram conversando pelo resto da noite. Acordaram horas depois do nascer do sol, Elisa com a cabeça embaixo da mesa de centro da sala e Marta ao seu lado. Estavam de mãos dadas.
Mais tarde, após mais conversas agradbilíssimas sobre diversos assuntos diversos, tomaram uma decisão: Elisa iria morar ali.. Ana, outros amigos e a família em peso de Marta acharam uma loucura. Todos protestaram, todos foram contra. Depois, quando já haviam tido tempo de conhecer bem Elisa, todos passaram a amá-la, embora ninguém chegasse nem perto de fazê-lo com a mesma intensidade que Marta.
Agora, dez anos depois, as duas haviam conseguido se casar e, para espanto de todos (inclusive delas mesmas) estavam em vias de adotar uma criança. Elisa nunca havia sido tão feliz como a partir do momento em que conhecera Marta.

Elisa resolve mudar-se.

Elisa agora pensava em ir embora. Deixar todo o pouco que tinha aqui e mudar de cidade. Ela estava perdida, confusa e insatisfeita e tinha consciência de que mudar de cidade não melhoraria sua situação, mas precisava fugir.
Tudo o que Elisa havia conquistado nos últimos tempos tinha um sabor amargo. E ela já não sentia ânimo pra nada. A mais, não tinha realmente ninguém. Sua família agora morava no norte do país, seus amigos... bem, eram apenas companheiros das noitadas que gostava de curtir. Elisa decidira ficar em sua cidade natal, mas ela realmente não lhe oferecia nada.
Dois dias depois, ela pediu demissão do serviço, fez as malas e foi até a Rodoviária. Perguntou qual era o próximo ônibus partindo para qualquer cidade que ficasse longe dali. A atendente lhe lançou um olhar de estranheza, mas respondeu assim mesmo. E lá se foi Elisa.