sábado, 27 de janeiro de 2018

Desirée

Desirée o havia conhecido havia pouco mais de duas semanas. Pouco sabia sobre ele, exceto seu nome e que era muito atraente. Muito atraente.
Ela o havia desejado desde o primeiro instante e gastou algum tempo tentando descobrir se ele tinha namorada e se poderia conquistá-lo. À primeira pergunta, conseguiu resposta perguntando a alguns conhecidos em comum e à segunda, conseguiu resposta por acaso, ao flagrá-lo a olhando de um jeito que ela conhecia bem. A partir daí, sabia que seria apenas uma questão de tempo. E nem foi muito tempo.
Duas semanas após se conhecerem, foram convidados para a mesma festa, coincidência pela qual ela obviamente era bastante culpada.
A tal festa não estava lá essas coisas, mas não importava. Aliás, era melhor ainda: mais fácil conseguir tirá-lo de lá. Devagar, cautelosamente, como quem não quer nada, foi se aproximando.
Então, começaram a conversar e ela seguiu todo o protocolo: sorriu, mexeu no cabelo, tocou levemente em seu braço. Lá pelas tantas, decidiu que já estava bom de enrolação.
Desirée já havia deixado escapar que tinha vindo sozinha e estava a pé. E que morava sozinha. Portanto, quando disse que queria ir embora, ele se ofereceu para acompanhá-la até sua casa. Foram a pé e, mesmo sendo noite, ainda fazia um forte calor, de forma que ao chegarem, ela logo lhe ofereceu um copo de água, o que era um sinal claro como o dia e que ele entendeu muito bem. Aceitou.
A moça o introduziu à sua casa, deu-lhe o copo de água e ausentou-se com a desculpa de ir ao banheiro. Quando voltou, estava vestindo um short jeans e uma blusinha colada. Abriu a janela ruidosamente, reclamando do calor e abanou-se um pouco com as mãos, inclinando-se levemente sobre o batente. Chamou- o para que também tomasse um pouco de ar, porém ela ocupava todo o espaço em frente à janela, de modo que o único lugar que sobrava a ele era atrás dela, bem onde ela o queria. Desirée virou-se devagar até que ficassem frente a frente, os corpos quase colados de tão próximos. Respirou fundo para que se peito subisse e, ao exalar, inclinou-se levemente para a frente, soltando o ar na altura de sua orelha. Foi o suficiente: qualquer coisa que ainda o estivesse segurando foi soprada para longe.
Desirée prendeu a respiração quando  ele a agarrou pelos quadris e a empurrou com força contra a parede. Ali ele a atacou sem piedade, como um leão atacaria sua presa, mas ela, como boa caçadora que era, sorriu todo o tempo e aproveitou o resultado de sua caçada muito bem sucedida.