quinta-feira, 19 de junho de 2014

Sobre o aborto

Como sempre, as pessoas ficam discutindo sobre aborto. Se é certo ou não, se um feto de até 12 semanas já pode ser considerado um ser humano ou não, que as mulheres que o praticam são vadias ou que elas não são. Ou que elas são, mas isso é problema delas.
Quando uma pessoa diz que é contra o aborto, bom isso é lá com ela. Mas e quando essa pessoa quer decidir pela mulher que está grávida, mas por qualquer motivo não quer estar mais? Sempre vejo gente dizendo que toda forma de vida é sagrada, que mulher que pratica aborto tá cometendo assassinato, que se uma pessoa é a favor do aborto é porque ela já nasceu (dã!).
Então quer dizer que o aborto não pode ser legalizado para ser praticado de maneira mais limpa e segura, mas tudo bem uma mulher morrer ou ter problemas de saúde porque teve que recorrer a uma clínica clandestina? Engraçado, porque quem votaria contra a legalização do aborto seriam as mesmas pessoas que defendem que a vida é sagrada e que sempre se deve fazer de tudo para protegê-la. Não seria surpresa ver esse tipo de gente defendendo a pena de morte. Rá-rá-rá!
Por outro lado, também não é surpresa ver que num país que se diz desenvolvido, mas onde tanta gente ainda tem uma mentalidade provinciana(pra não dizer que é a maioria dos brasileiros), se possa perceber essa contradição entre as opiniões que uma mesma pessoa defende.
Além do mais, ao contrário do que essas pessoas tão fervorosamente defendem, as mulheres não vão começar a fazer sexo desprotegidas só por saber que podem abortar depois. No Uruguai, segundo consta, pouco tempo depois de ser aprovada a interrupção de gestações com até 12 semanas, o número de abortos chegou a diminuir. E quem em sã consciência iria querer passar por isso?
As pessoas têm que parar de pensar no que elas acham certo para si e começar  pensar no que é melhor para a maioria, pois uma coisa é o que você pensa; outra bem diferente é o que vai ter os melhores resultados a longo prazo para a população do país em que vive. E, para quem acha que é egoísmo interromper uma gravidez, por estar privando alguém de viver, saiba que também é egoísmo privar alguém de viver bem porque você não acha certo abortar uma gestação .http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/10/congresso-do-uruguai-aprova-descriminalizacao-do-aborto.html
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_283054.shtml?
func=1&pag=3&fnt=14px
http://noticias.terra.com.br/mundo/america-latina/uruguai-governo-diz-que-numero-de-abortos-diminuiu-apos-descriminalizacao,ef6beaf4539ad310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html

Um comentário:

  1. " Não seria surpresa ver esse tipo de gente defendendo a pena de morte. Rá-rá-rá!"

    Pois é o que geralmente acontece. Quem é contra aborto geralmente é a favor da pena de morte e a coerência manda lembranças.
    Eu penso que entre o vir a ser e o ser, ou seja, entre o embrião, que é potencial de vida, e a mulher, que já é a vida concretizada, deve prevalecer a mulher. Não custa lembrar que a responsabilidade de evitar a gravidez recai praticamente toda sobre a mulher. Há pelo menos sete tipos de contraceptivos para a mulher e um para o homem, dois se contamos a vasectomia. Um homem pode abandonar os filhos e dizem: paciência, homem é assim mesmo, mas se a mulher faz isso, ela é vista como um monstro. Um cara pode se negar a usar preservativo; se a mulher aceitar, dirão que ela não tem juízo ou coisa parecida. Um homem pode ter vários filhos com várias mulheres e isso será sinal de virilidade, de potência. Se uma mulher engravida fora do casamento uma vez, é irresponsável, mais de uma, é vagabunda, promíscua.
    Só falamos de aborto por que a mulher engravida, óbvio. Pois enquanto a sociedade fizer recair sobre a mulher praticamente toda a responsabilidade sobre evitar a gravidez, poupando o homem, não passará de hipocrisia e autoritarismo legislar sobre o corpo da mulher.
    E a propósito de a vida ser sagrada, é outro exercício de hipocrisia, se pensarmos no tanto de crianças abandonadas em orfanatos e nas ruas, em condições subumanas. Quer dizer, preserva-se o potencial de vida para depois jogar esta vida no lixo. Então, pessoalmente, só vou começar a levar a sério essa conversa no dia em que não houver mais nenhuma criança "vivendo" assim, quando os que defendem a sacralidade da vida adotarem e cuidarem de todas as crianças já nascidas e abandonadas.

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