segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Lorena: entre dois amores

Lorena estava entre dois amores.
Um deles era doce, carinhoso, divertido, leve; o outro era mais selvagem, livre, determinado, carnal. Ela queria sinceramente aos dois e sabia que ambos a queriam. Porém, sabia também que somente poderia ficar com um e isso realmente partia seu coração. Lorena não se conformava com o ter que escolher.
De manhã ela saía de casa na expectativa de ver o primeiro deles e ia animada ao seu encontro, já sabendo que daria muitas risadas e se divertiria imenso, que seria mimada e paparicada como poucas.
Aos finais de semana, por conta de seus compromissos nesses dias, podia ver aquela fera apaixonada que mexia com ela e a tirava do eixo. Com ele, poderia dar por certo que seria desejada, farejada, caçada mesmo. Ele era como um leão e ela, sua presa.
Esses eram os dois homens de sua vida e ela amava um e estava apaixonada por outro e já vinha lidando com este impasse por alguns meses. Não havia tocado nem se permitido tocar por qualquer um e a expectativa a estava matando. Mesmo assim, ela tinha que confessar a si mesma que era divertido estar naquele lugar, naquela posição onde cada passo tinha que ser dado com o máximo de cuidado, pois era como um castelo de cartas e a mais leve brisa poria tudo o que ainda nem existia abaixo.
Lorena pedia conselhos às amigas e elas sempre diziam para que ela escolhesse, pois não seria direito ficar com os dois e ela acabaria sem nenhum. Mas ela simplesmente não podia. Não havia a menor possibilidade de abrir mão deste amor ou daquela paixão.
Havia ainda uma terceira opção, que era permanecer sozinha e, na realidade, Lorena achava que no seu caso seria o melhor. E, de fato, se nenhum dos dois estivesse interessado nela, esta seria sua escolha. Mas não era assim. Ela era amada com ternura e desejada com violência. Ela tinha tudo o que queria e, se fossem um, seria o melhor de dois mundos, mas eram dois. Eles eram dois e ela queria ser dos dois, sem poder ser de nenhum.
Lorena estava entre dois amores.
Ela estava entre dois amores e se via em uma encruzilhada, imóvel, sem saber pra onde ir.
E então, depois de muito pensar, analisar, raciocinar, sentir, Lorena decidiu: não ia escolher. Não podia. Ela seria dos dois e os dois seriam dela. Viveria seu amor de segunda a sexta e, aos sábados e domingos seria amada. E assim foi.
De manhã ela saía de casa na expectativa de ver o primeiro deles e ia animada ao seu encontro, já sabendo que daria muitas risadas e se divertiria imenso, que seria mimada e paparicada como poucas. E era. Sentia um carinho quase doloroso por ele e o beijava e abraçava, sorria e brincava e o fazia o homem mais feliz de todos. Ela o amava e dizia sempre isso e era sincera. E era feliz.
Aos finais de semana, por conta de seus compromissos nesses dias, podia ver aquela fera apaixonada que mexia com ela e a tirava do eixo. Com ele, poderia dar por certo que seria desejada, farejada, caçada mesmo. Ele era como um leão e ela, sua presa. Ele a tinha por entre suas garras e suas presas e a fazia em pedaços. Ele a atacava com fúria, seus abraços eram como barras de ferro, quando a beijava, comia sua boca.
E ela era feliz. Andava sobre pregos, mas era feliz e não trocaria sua vida por nada no mundo.
Lorena agora vivia dois amores.

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