sexta-feira, 20 de abril de 2018

Pensamentos Avulsos IV

Não quero nem pensar em nada. Nem quero ver nada, nem ouvir nada. Porque pensar, ver e ouvir são coisas que fazem a gente sentir e nem sempre o que se sente é bom. O que sinto agora, por exemplo, é quase tão ruim quanto não sentir nada. É solidão, é ciúme, é ansiedade, é frustração, é tudo junto. É o medo do tempo; o tempo já bem próximo e o tempo ainda vindouro. O que sinto agora é também o peso do tempo que já vivi; o que sinto agora é desejo, porém um desejo tresloucado de algo que nunca acontecerá. O que sinto agora é raiva e também impotência. Sinto tanto, mas tanto, que fiquei paralisada. Os olhos de olhar ausente eram a única coisa que se movia em mim. Porém o que eles viam era apenas uma ilusão, provocada por uma esperança vã.
O que os meus olhos viam era a imagem de uma vida que nunca terei: uma vida de paz de espírito, de amor romântico, ainda que real, de alegria de viver, de força e resistência. O que os meus olhos viam em minha ausência, era algo que nunca verão em minha presença, pois minha presença por si só é o que torna vã minha esperança.
Por isso, procuro me resignar à vida que me espera. Respiro fundo e mantenho a aparência de calma, mesmo que por dentro esteja queimando em um incêndio terrível de proporções apocalípticas. Exagero, eu sei. Mas é como me sinto: sou feita de fogo e queimo até a última camada de mim mesma. E queimarei também todos que se aproximarem demais. Melhor então queimar sozinha!

sábado, 14 de abril de 2018

Olhos de jabuticaba

Ele tem um par de olhos grandes e escuros, como duas jabuticabas. Sempre noto isso primeiro. E então vejo aquele sorriso sempre prestes a acontecer, quase ali...
Seu rosto é a última imagem que vejo atrás de minhas pálpebras fechadas antes de dormir e seu nome, o último pensamento lúcido que tenho.
Ao acordar, novamente me vêm a cabeça seu rosto e seu nome, com tanta força que quase posso sentir o calor de seu corpo e o som de sua respiração ao meu lado na cama; e minha mente ainda confusa ao despertar se espanta um pouco de que ele não esteja realmente aqui. Ele reina absoluto em meus pensamentos; a lembrança de sua pessoa me acompanha ao longo dos dias e das noites. Às vezes penso que estou perturbada, perdida... E de fato estou. Mas não me incomodo por isso. Sempre que o vejo, penso, ou lembro dele, é com muita ternura e alegria. E assim vou levando os dias até que os dias o levem de minha mente ou o consolidem aqui por muito, muito tempo.

sábado, 7 de abril de 2018

Intento de rendição

Quero alguém
Quero alguém pra ser meu companheiro de vida
pra eu não precisar andar sozinha por esta estrada
tão longa, tão bela,
porém tão cheia de obstáculos;
tão difícil...
Pra ter com quem dividir minhas alegrias
pra ter com quem dividir minhas lágrimas.
Pra ter um amigo,
um parceiro,
um amante.
Pra dar o melhor de mim
e sorrir os meus sorrisos mais bonitos
e mais felizes.
Pra brigar e pra brincar
pra dormir e acordar
pra viver reclamando
e morrer de amor.
Pra ser eu e estar nele
e ele ser uma nova pessoa em mim...
Pra ver a luz de seus olhos
e estar na sombra de seu olhar.
Quero alguém pra me encantar
e a quem eu possa fascinar.
Quero alguém assim
e por ele vou esperar.