terça-feira, 16 de outubro de 2018

Fruto proibido

Homens, festas, os amigos... nada!
Não são para mim.
Não mais...
Eu mordi o fruto proibido
e meus olhos se abriram.
Olhei ao redor e o que vi me espantou
até tirar o fôlego,
porque as pessoas que me sorriam
apenas queriam mostrar suas presas,
porque os homens mais honrados que conheci
na verdade eram os maiores canalhas de todos os tempos
e porque as mulheres mais puras que já vi
poderiam competir em malícia com o Anjo Caído.
Se ao menos eu não tivesse dado aquela mordida!
Talvez isso tenha feito de mim
pior do que todos esses homens e mulheres juntos,
porque desafiei a palavra de Deus,
por isso agora eu sei
e o que se sabe não pode ser negado;
talvez para os outros sim,
mas não para si mesmo,
certamente não para mim mesma.
Por isso, fui expulsa do paraíso
para vagar sozinha por este mundo,
sempre com a visão do Éden no horizonte,
mas todos sabem que o horizonte é um lugar inalcançável;
e no deserto onde estou as miragens pipocam como milho na panela
e quando estendo a mão
achando que meu sofrimento chegou ao fim
descubro que era só mais um truque.
Delírios da solidão...
Engulo em seco.
Respiro fundo e escondo a dor e
o sorriso no meu rosto diz que está tudo bem.
Sim, está tudo muito bem!
Mas meus olhos,
ah, meus olhos!
Estes são transparentes como vidro!
O problema é que as pessoas são cegas.
Mas é só porque elas não querem ver
o que acontece quando alguém se rebela
e decide dizer a si mesmo somente a verdade
e decide abandonar as mentirinhas inocentes que contamos a nós mesmos
"Todos merecem o benefício da dúvida"
"Depois da tempestade vem a bonança"
"Mas eu não sabia... Sou uma vítima das circunstâncias!"
Todas mentiras agradáveis
que, no entanto, tornam tudo mais difícil
A verdade...
A verdade dói!
A verdade é difícil, rígida,
não permite subterfúgios,
mas a verdade não te paralisa
como fazem as mentirinhas.
As mentirinhas te transformam em serpente,
te fazem rastejar,
sibilar;
a verdade te faz ser como uma águia,
voando a uma altura de onde se pode ver tudo com clareza,
guinchando a plenos pulmões
ao avistar uma serpente mentirosa
e foi este o perigoso fruto que mordi
e que me destruiu,
mas que agora me permite ser uma pessoa melhor;
não para eles,
não para você,
não para ninguém,
ninguém!,
a não ser eu mesma;
e agora, embora esteja perdida
sei que também estou salva,
pois agora que já mordi o fruto
meus olhos estão abertos
e a serpente mentirosa
continua rastejando sobre a lama e sobre a relva
e sob minha vigília constante.
A serpente está na minha mira,
assim como você!

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