sexta-feira, 27 de julho de 2012

Uma divagação sobre sonhos, liberdade e felicidade.


Será que as minhas escolhas são minhas? E meus desejos e sonhos? Será que sou realmente livre? Existe felicidade? Às vezes penso que somos todos marionetes da sociedade e a sociedade é marionete de si própria. Conscientemente ou não, fazemos escolhas, sonhamos e desejamos de acordo com aquilo que a sociedade verá e pensará do que fizermos. Por exemplo: sou monogâmica. Mas será que sou assim por que eu decidi que prefiro a monogamia ou é por que a sociedade em que vivo condena relacionamentos com mais de um parceiro? Como vou saber se prefiro mesmo ser monogâmica se nunca experimentei a bigamia ou a poligamia? E por que o medo de experimentar o novo? Vá lá que se o senso comum diz que algo não é bom, deve haver um (bom) motivo. Mas sempre é válido parar pra refletir. Pode ser que o senso comum não faça sentido.
Falar de senso comum me fez lembrar da já citada liberdade. Sim, pois estamos acostumados a ouvir que somos livres. Mas que liberdade é esta, que nos faz levantar cedo todos os dias para trabalhar em um lugar do qual não gostamos, com uma atividade que detestamos, por exemplo? É estranha uma liberdade que nos obriga a ir à escola, quando poderíamos aprender em casa, ou uma liberdade que faz alguém esconder sua sexualidade. Por puro medo. E não é só medo de apanhar, mas também de ser excluído de um determinado grupo, afinal o bicho homem é um animal que geralmente gosta e precisa viver em sociedade. E se resolvemos ser livres de verdade, temos de encarar consequências bastante duras de suportar. Lembro-me de uma época em que estudava Wicca, a assim chamada: “Religião das Bruxas”. Nesta época eu havia recém-ingressado no meu local de trabalho, então as pessoas ficaram naturalmente curiosas a meu respeito e fizeram as perguntas de praxe. Quando quiseram saber de minha religião, cogitei não falar, pois não é comum encontrar bruxas/os por aí e as pessoas realmente estranham. Mas pensei que vivo em um Estado laico e, além disto, se outras pessoas têm o direito de crer em um deus que comprovadamente não passa de uma colcha de retalhos, por quê eu não poderia crer em deuses que são os próprios retalhos utilizados para fabricar tal colcha? Pois bem: eu disse no que acreditava e o que meus colegas fizeram foi rir da minha cara, debochar de mim e dos meus deuses. Nunca vou esquecer daquele dia, do que eu senti naquela ocasião...
Por fim, há a questão da felicidade. Um sentimento que deveria ser bom, mas tornou-se motivo de estresse e, sim, tristeza. Pois agora somos obrigados a ser felizes. Pode? Não, não pode. A felicidade não é uma obrigação. E a bem da verdade, acho que a felicidade não é mais do que o que sentimos em alguns bons momentos. As pessoas agem como se fosse possível ser feliz o tempo todo, andar por aí sempre com um sorriso idiota estampado na cara. Mas como alguém pode se sentir feliz quando o chefe vem te encher o saco tentando ensinar como se faz o serviço que você já conhece de cor e salteado? Ou quando o namorado ou namorada fica te enchendo por causa de ciúmes bobos? Sinceramente, esta busca incessante por uma felicidade constante me irrita muito. Mas também me faz rir. Bem, eu acho realmente engraçado ver as pessoas desesperadas e descabeladas por que não são felizes, porém mal percebem quando estão felizes. E todos aqueles livros de auto-ajuda? Como um ser humano, que é teoricamente inteligente, pode cair numa esparrela destas? Ora, se é auto-ajuda, só pode ajudar a quem escreveu, certo? Sem contar que neste tipo de livro geralmente está escrito o óbvio. É claro que se eu gastar mais do que tenho, contrairei uma dívida. Se eu for excessivamente ciumenta com as pessoas, elas vão se afastar de mim. Se eu não me esforçar no trabalho, não terei nenhuma chance de ser promovida. Obviedades. No entanto, as pessoas parecem gostar de pagar para ler e às vezes até ouvir o óbvio.
Enfim, as pessoas deviam parar de se preocupar e aborrecer tanto com e por coisas fúteis. E deviam parar de engolir tudo que tentam jogar por suas pobres goelas abaixo. Pensar, ao contrário do que muitos pensam, não faz mal à saúde. Claro é que parar para refletir e repensar as coisas que fazemos, muitas vezes de forma automática, é um ato que por si só pode e, provavelmente, vai mudar muita coisa na vida de quem tomar esta atitude. É um ato que, no mínimo, vai mudar o jeito dela de ver, pensar e sentir tudo a seu redor e fazer a pessoa ter pelo menos a consciência de que certas coisas não são bem aquilo que parecem ser. Além disto, ter (ou achar que tem) consciência de como as coisas realmente são torna tudo mais difícil, pelo menos a meu ver, mas também torna as coisas mais práticas e leves. De fato, é como se um peso fosse tirado dos seus ombros, para usar uma expressão bem manjada, e você pudesse respirar um pouco melhor (outra expressão manjada). Acredito que viver tão preocupada com muitas pequenas coisas, faz a pessoa se perder e sentir sufocada dentro da própria cabeça e atrapalha a capacidade de raciocinar, portanto, de resolver aquilo que realmente pode ser chamado de problema. Além disso, estresse dá ruga e rugas de aborrecimento ninguém quer ter! Bom, é isso. Obrigada a quem leu e desculpem pela encheção de saco!

Nenhum comentário:

Postar um comentário