sábado, 10 de março de 2018

A moça apaixonada

Denise estava quase pedindo a Deus, embora fosse atéia. Não se lembrava qual era a última vez em sua vida que havia desejado algo com tanta força, nem com tanta vontade. Ela havia se apaixonado.
Não era ainda amor o que Denise sentia, nem poderia ser, já que não sabia nada a respeito daquele homem, a não ser uma ou duas coisas de menor relevância.
Entretanto, desde sua adolescência que ela não sentia algo tão puro e nunca havia sentido nada tão leve, pois até mesmo seus amores de adolescente vinham acompanhados do peso da angústia de não saber se seria correspondida. Não que ela soubesse agora. Mas não saber se era desejada de volta não a fazia sofrer como em todas as outras vezes.
Ela o havia conhecido por acaso e jamais esperaria interessar-se por ele. Estava um pouco surpresa, na verdade, que houvesse acontecido. Estava surpresa por tudo, na realidade.
Ao pensar nele ou simplesmente ter um vislumbre da imagem dele em sua mente, a moça sentia seu coração disparar e bater de um jeito que se assemelhava ao bater das asas de um beija-flor, o que causava uma pressão em seu peito e a fazia sentir como se o coração fosse subir por sua garganta e pular pra fora da boca e começar a voar como uma borboleta que fosse apenas carregada pelo vento.
Frequentemente, Denise se pegava olhando para o nada, com um sorrisinho bobo e tinha vontade de chorar e rir ao mesmo tempo. Às vezes, tinha vontade de gargalhar. Estava simplesmente tão feliz!
Ela não conseguia tirá-lo da cabeça. Em um momento qualquer, a todo momento, seu rosto vinha à mente. Denise se lembrava de seus olhos grandes, que carregavam um olhar que transmitia ao mesmo tempo firmeza e suavidade; um olhar que deixava claro que aquele era um homem seguro de si em confiante em si; lembrava-se de sua boca tão bem desenhada, cujos lábios pareciam estar sempre prestes a se abrir num sorriso que sempre a fazia esquecer até mesmo seu próprio nome, por um momento; lenbrava-se de sua risada, que tinha um som mais lindo do que a música mais linda que ela já ouvira; lembrava-se de seu corpo esguio e ágil... Ele nunca estava muito longe do centro de sua mente. Às vezes, parecia que se esticasse a mão, ele se materializaria bem ao seu alcance.
Denise nunca se sentira tão bem antes, ao se apaixonar. Nem acreditava que estava feliz assim. Nem entendia por que estava feliz assim. Só entendia que o queria pra si, mais que tudo, mais que todos. Precisava dele. Mas se não o tivesse, ainda assim poderia explodir de felicidade.
Denise se levantou e sorriu. Respirou fundo e viu a imagem dele mais uma vez em sua mente. Foi embora terminar seu turno e pensou que fosse como fosse, era assim que deveria sentir-se sempre: feliz.

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