quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Void

A tristeza me invade de forma repentina
E lágrimas tão doloridas
Como um coração partido
E quentes como fogo
Rolam por minhas faces
E eu novamente perco o sono
E me distraio com canções da minha juventude
Que, no entanto, me trazem memórias dolorosas
E desejos perigosos.

Meu coração pesa no peito
E minha mente busca explicação
Para uma dor tão profunda
Que não parece ter fim
Mas certamente deve ter tido um começo
Então recarrego meu sangue com açúcar
Para ver se a dor passa
Se me animo
Mas, qual uma viciada,
Minha droga já não faz efeito
E eu percebo que terei que buscar algo mais forte
Mas o quê?

Tantas luas se passaram
Porém ainda me faz falta o fumo
Às vezes...
E às vezes também um trago
Ou dois...
E muitas outras luas se passaram
Contudo ainda me faz falta um amor,
Um só...

Hoje me aflige a solidão
Ontem me afligia o convívio
Amanhã, sabe-se lá o que me afligirá!
A vida não é tão bela, afinal
E nem adianta olhar pela janela

Pois bem:
O que não tem remédio, remediado está
E estamos todos!
Feche os olhos
Não veja mais nada
E espere amanhecer
E então vá em frente
E nunca, sob hipótese alguma,
Olhe para trás
Nunca!


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Nova carta para D.

Querido D.,
Gostaria de saber, pois não consigo parar de imaginar, o motivo por quê você continuamente atrai a atenção dos meus olhos e da minha mente; gostaria de saber também, pois também não posso deixar de pensar nisto, o motivo por quê fico tão nervosa na sua presença e não consigo falar, mas se falo é olhando para sua boca e não para seus olhos...
Gostaria de saber ainda o motivo por quê me agito se não te vejo, mas, ao contrário, se te vejo logo me acalmo, sentindo o tipo de alívio que sentimos quando algo desagradavelmente pesado é tirado de nossos braços.
Meu querido D., gostaria de lhe dizer que me dá ternura te ver dormir (ou, ao menos, tentar), daquele seu modo tão tranquilo e relaxado. Como você pode relaxar assim naquele ambiente quente e lotado?
D., não há muita coisa que desejaria tanto ou mais neste momento, do que me aconchegar em você, sentir teu cheiro e tua temperatura e adormecer pacificamente, sabendo que, ao menos por esta noite, ficará tudo bem.
Querido D., sei bem que tudo isto é muito brega, mas fazer o que? Tudo isto é o que penso e sinto por você. Tudo isto é a verdade.
D., gosto de você mais do que ouso dizer a mim mesma. Talvez você seja como o anjo de um sonho que tive anos atrás, onde sofria de uma gripe muito forte da qual nada nem ninguém conseguia me curar, até que chegou este anjo que me beijou muito levemente os lábios e tive a sensação física deste beijo e acordei sabendo que a versão de mim naquele sonho estava curada.
Por isto, me pego imaginando quando e se terei a oportunidade de beijá-lo também! Para saber se você é realmente o meu anjo...
E, para não prolongar demais esta carta e aborrecê-lo, vou me despedindo por aqui .
Sua,
B.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Carta para D.

Querido D.,
Estive novamente frente ao teu olhar. Me miraram teus olhos, verdes como as folhas da árvore que miro agora, e me deram um pouco de paz em meio ao caos do dia. Tua boca suave tem sempre a sugestão de um sorriso, coisa que possuem apenas as pessoas verdadeiramente tranquilas de espírito e alegres de coração, como sei que é o teu caso.
Deitamo-nos para uma sesta que não ocorreu e estávamos tão próximos, mas ainda assim, não poderíamos estar mais distantes... Mas isto não me entristeceu! Ao contrário: fiquei bem em estar ali, quieta, tentando concentrar-me na leitura, já que não podia dormir, entretanto não me saiu bem mais esta empreitada. E como poderia?! Se estavas tu ali, bem ao alcance de um braço ou menos ainda! E estavam ali teus olhos e tua boca e tu!
Quem lesse esta carta, poderia pensar que o que sinto por ti é amor. Enganaria-se, pois. Tampouco trata-se de alguma paixão ou paixonite; digamos assim que é um amor platônico. É algo inocente, bonito, puro, diria eu que é algo até mesmo bucólico, se cabe aqui tal expressão.
Gostaria de salientar que se escrevo esta missiva, não o faço para embaraçar-te, ou causar-te quaisquer problemas. Antes, quero apenas exaltar a beleza esplendorosa e cativante e, ao mesmo tempo serena, deste sentimento. Faço-o, portanto, no melhor dos interesses.
E assim dou por encerrada a carta, mas não por findado o sentimento.
Sua,
B.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Vampiros existem

...Mas eles não sugam nosso sangue, sugam nossa energia, nossa alegria, nossa vontade de viver. Assim como os vampiros da ficção, essas pessoas usam alguns truques para se aproximar: são amistosas, agradáveis, gentis; conversam com você, riem com você, te fazem sentir-se importante. Mas, uma vez que você abra sua guarda para deixar elas entrarem, agirão em seu psicológico como veneno em seu organismo; farão piadinhas depreciativas, a princípio de forma sutil, depois cada vez mais escancarada; passarao a rir de você, não mais com você; apontarão suas falhas e aumentarão o nível de gravidade das mesmas, enquanto diminuem suas qualidades. E, a partir do momento em que você perceber tudo isso e apontar para elas, então estas pessoas se converterão nas vítimas da situação, inverterão tudo para te confundir e te fazer se sentir culpado por ter duvidado da bondade e do caráter delas. E assim, caso não tenha conhecido ainda nenhum espécime desta curiosa e muito asquerosa espécie (e, as vezes, até já conhecendo), você se verá duvidando de si mesmo e do seu caráter. Contudo, não se engane: se existe uma vítima nesta situação, é você.
As motivações desse tipo de gente podem ser as mais diversas, desde inveja, até maldade pura, mas o importante é lembrar-se de que argumentos funcionam como potencializadores do veneno dessas pessoas e, portanto, serão utilizados contra o argumentador. Então, nunca tente argumentar. Apenas se afaste. Assim mesmo, sem mais, nem menos, sem explicar, sem vacilar. Afaste-se desse tipo de gente como o diabo se afastaria da cruz. E não permita que se aproximem novamente, pois se da primeira vez foi ruim, da segunda será bem pior. Essa gente não tem concerto, mas sua vida sim. Cuide bem dela!