domingo, 23 de dezembro de 2018

Armadilhas da madruga

a solidão não mata mas faz sangrar
quero gritar minha dor para o mundo
às vezes parece que vou sufocar
com lágrimas que cortam fundo

eu tento de novo e de novo me iludo
meu coração esquenta, depois esfria
não economizo, sempre dou tudo
mas toda vez entro numa fria

sempre trocada, sempre deixada
sempre volto pra estaca zero
a humilhação é como uma facada
de certa forma, até já a espero

quem dera eu pudesse renascer
com outra vida, em outro lugar
onde eu não tivesse mais que ver
meu rosto no espelho a chorar...

mas já sei que querer não é poder
que não basta desejar
que nem tudo se pode ter,
que às vezes o jeito é se conformar

e assim a vida segue
e assim sigo eu
até que a escuridão de vez me pegue
e eu fique presa pra sempre no breu

Isso é um adeus

te deixo ir enfim
você também pode viver sem mim
a vida
parece uma estrada longa
e reta
sem sombra
lá em cima, o sol queimando o céu
aqui embaixo, eu
sozinha
sempre sozinha
respirando, mas sem vida
tudo é deserto
e a morte parece a única saída
e a minha alma grita
os olhos pesam
assim como os ombros
estou cansada
porque vivo sob os escombros
da esperança que um dia tive
que já não vive
eu já não vivo...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Cópia autenticada

não faz assim comigo
que vc pode me matar
é que eu sou cardíaca:
meu coração acelera quando te vejo
e por isso eu posso morrer de amor
talvez, um dia!

você pediu pra eu ir com calma
porque disse que ia
botar ordem nas suas bagunças
calma, amor
eu tava só brincando
não consigo botar ordem
nem na minha vida...

nós nos espantamos
com tanta coincidência
tanta semelhança
é que eu não acredito
em almas gêmeas
mas se acreditasse
diria que você é a minha

parece meu elo perdido
minha mente em outro corpo
é até estranho
até um pouco assustador
mas fico curiosa
quero saber quem é você
e se é um outro eu
uma cópia autenticada
xerox da minha mente
e eu fotocópia da sua alma

será?
será...?
quem sabe o que será?
só o que eu sei
é o que é
e o que é
é um espanto!


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

FlutuaMente

eu sou a dona da lua
e moro na rua que me deixa na sua
eu vivo na casa que é cheia de gente
mas eu mesma sou fora da casinha
me olha no olho e me entra na mente
agora sorri e diz que tá na minha
me chama, me fala
fala muito
fala tudo
tudo o que eu quero saber
o que eu preciso saber
é quando a gente vai se ver
(de novo)
eu entro nessa paranóia
vou me mudar pro hospício
tô manca das ideia
mas você me apóia
e fala muito
fala tudo
fala mais
que eu quero te ouvir
te ler
eu quero saber
te conhecer
ver onde isso vai dar
o piso tá molhado
nós vamo escorregar
podemos nos machucar
a menos que você me segure
e eu te segure
e a gente se segure
me escuta agora
presta atenção
no som que faz
a batida do meu coração
que diz seu nome
e o sono some
você me consome
e eu consumo o sumo
dos teus lábios
e tomo o meu rumo
vou andando
mas não me aprumo
te mando embora
mas não te deixo ir
porque no fim do dia
quero ter você aqui.

Desconexão

Meu quarto é uma zona de guerra:
o travesseiro é uma barricada que não me protege,
os lençóis revoltos são como a terra que me enterra
e a parede em frente à cama mostra que sou uma herege
que vai ser enterrada sem cruz,
que nunca, jamais vai para a luz.

Tenho azar no jogo
e minha pele pega fogo;
azar no amor,
mas o prazer se mescla à dor;
e sorte no azar,
mas sou bruxa essa noite
pra você me queimar!

As coisas que nos machucam
são aquelas que a gente permite machucar,
tipo você quando espalma a palma
bem forte que me faz gritar...

E entre tantos pensamentos
já é noite e é tarde
e Morfeu não ouve meus lamentos.
O cansaço a mim me parte
e tudo o que resta
é o amor que quero dar-te.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

VSF

Bem que eu sempre desconfiei de gente que é muito amorzinho
e muita paz no coração
Eu tava lá tranquila e olha só a situação:
Pilantra quis dar uma de técnico de futebol e me colocar no banco de reservas
Mas, mesmo que tarde, eu aprendi a lição:
só aceito entrar pro time se for como titular
E mesmo que continuem me acontecendo sempre as mesmas merdas
Eu nunca, nunca vou parar de sonhar
Um pouco doidinha? Talvez!
Mas não quero ser normal se for pra ser igual a vocês.
Em cima do palco é tudo bonito e ensaiado
Mas nos bastidores, um bando de depravados
Eu, pelo menos, sou clara: faço o que quero e sei o que espero
Quero a paixão do amor carnal
e espero a ternura do amor sincero
Moralismo já passou por aqui
Por ideias erradas que já vi e já li
Mas joguei tudo no lixo e comecei novamente
E juro que dessa vez vou aprender a ser gente!